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PREMIAÇÕES TEATRO

Conheça a atriz Verónica Valenttin, a primeira travesti vencedora do prêmio Shell de teatro

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Conheça a atriz Verónica Valenttin, a primeira travesti vencedora do prêmio Shell de teatro

Por: Redação Diadorim
Via: Agência Diadorim
Publicado em 22 de março de 2023

Um dos mais importantes prêmios do teatro brasileiro, o Shell, anunciou na terça-feira (21), os vencedores da sua 33ª edição. Verónica Valenttino foi escolhida a melhor atriz dos palcos paulistanos de 2022, pelo trabalho de protagonista do musical “Brenda Lee e O Palácio das Princesas”, se tornando a primeira travesti a ganhar este troféu.

Nascida no Ceará e radicada em São Paulo desde 2015, Verónica é atriz e cantora e foi vocalista da banda Verónica Decide Morrer. Ela se formou em teatro pelo Instituto Federal do Ceará, em Fortaleza, e já atuou em coletivos como As Travestidas e Motosserra Perfumada.

Em 2022, também recebeu o prêmio por sua atuação em “Brenda Lee”.

A atriz Verónica Valenttino, em Brenda Lee. Foto: Divulgação

Esta foi a primeira vez que o Prêmio Shell teve pessoas transgênero como finalistas. Na versão paulista da premiação, além de Verónica Valenttino, a cantora e atriz Assucena também foi pelo trabalho em “Mata Teu Pai — Ópera Balada”.

Já o CATS (Coletivo de Artistas Transmasculines) foi indicado à categoria Energia que Vem da Gente (antes chamada de Inovação), “pela pesquisa histórica e ações de visibilidade e inclusão dos artistas transmasculines no Brasil”.

No Rio, as irmãs gêmeas Vitória e Vini Xtravaganza, as Travas Brasil, também disputam o Prêmio Shell de Melhor Atriz. As duas atuaram no espetáculo “Sem Palavras”, da companhia brasileira de teatro, inspirado no livro “Um Apartamento em Urano”, do filósofo espanhol transgênero Paul B. Preciado, e em textos da escritora e jornalista Eliane Brum.

O anjo Brenda Lee

Verónica Valenttino interpretou Brenda Lee, que nasceu no dia 10 de janeiro de 1948 na cidade de Bodocó, em Pernambuco. Na adolescência, Brenda foi para o Rio com a mãe e os irmãos para estudar e trabalhar, mas acabou fugindo para viver quem de fato era.

Anos depois, já em São Paulo, arranjou trabalho e contou que se tornava funcionária de destaque assim que pisava em qualquer empresa, mas, por ser travesti, nunca era promovida.

Elenco do musical “Brenda Lee — O Palácio das Princesas”
Alê Catan/Divulgação

Brenda Lee e a luta contra o HIV/Aids

Foi então que decidiu trabalhar nas ruas com outras meninas. Juntou dinheiro, prosperou, abriu estabelecimentos, comprou imóveis e foi em um deles, no bairro do Bixiga, que ela criou a primeira casa de acolhimento a transexuais e travestis com HIV/Aids do Brasil, na década de 1980, quando havia ainda mais preconceito e ainda menos informações sobre a doença.

A luz de Brenda se apagou em 1996, quando foi morta a tiros, no interior de uma Kombi, na capital paulista. Dois homens foram presos pela polícia acusados de cometer o crime: os irmãos Gilmar Felismino, 20, e José Felismino, 20. Gilmar era funcionário da casa de acolhimento e, segundo pessoas próximas, tinha um relacionamento com a ativista.

A história da ativista foi contada no musical “Brenda Lee e Palácio das Princesas”, que estreou em 2021, primeiro online e depois nos palcos de São Paulo.

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