Em um ano praticamente perdido para o mercado audiovisual no Brasil e no mundo por conta da pandemia do coronavírus, a indústria sofre ainda com a inoperância da Ancine.
A Agência Nacional do Cinema não repassa verbas do Condecine para novos projetos e também não libera as cotas de captação para as obras selecionadas, desde 2019.
Para quem não sabe, o Condecine é a contribuição que incide sobre a veiculação, produção, licenciamento e distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas com fins comerciais.
O recolhimento do recurso compõe o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), sendo revertido para o fomento de produções de projetos futuros, o que não vem acontecendo e o dinheiro está parado.
Sendo assim, a já estabelecida carência de produções brasileiras só aumenta com o impacto direto da crise da Covid-19 no setor.
Como alternativa, produtores independentes, aqueles que fazem o conhecido “cinema de guerrilha“, ganham espaço em meio ao cenário desolador. E os olhares do público se voltam não só para eles, mas também para seus elencos.
É nessa levada que a atriz carioca Giovanna Muricy aparece na contramão da tendência e vem chamando a atenção de quem consome cinema. Com o diretor Fábio Brandão, ela lançou “Delphine” no início deste ano, que já conquistou diversas honrarias e foi selecionado para muitos festivais dentro e fora do país.
Repercussão internacional
O curta já acumula 24 prêmios em apenas nove meses de circuito e 33 seleções oficiais. A performance de Giovanna, aliás, garantiu duas vitórias na categoria Best Acting Debut em festivais de Nova York.
“Ainda me lembro dos nossos primeiros ensaios (de “Delphine“). A galera era tão dedicada, e com tanta vontade de realizar aquilo, que não tinha como não render bons frutos. Tivemos uma preparação de elenco bem intensa. Nós, equipe e elenco, éramos uma unidade”, começa.
“Sou extremamente grata por ter feito parte disso, e aprendido tanto com os meus colegas. Outro dia soube que ele (o curta) acaba de ser anunciado no festival mais importante da Nigéria, que tem a terceira maior indústria cinematográfica do mundo (Nollywood),” comemora a jovem, se referindo ao Abuja International Film Festival, que acontece em Lagos, no país africano.
Também com Fábio, Giovanna rodou no final de 2019 “Story.telling”, um curta de comédia/terror realizado em plano- sequência com 26 minutos. O lançamento foi adiado em função do coronavírus e o diretor aguarda a pandemia passar para reunir amigos, familiares e amantes da sétima arte nas salas de cinema.
“Fui presenteada com a Carol, uma personagem doce, mas muito forte e cheia de curvas dramáticas”, conta ela, que também está no elenco de “Entes Paralelos“, filme gravado durante a quarentena respeitando todos os cuidados necessários, com ensaios remotos e equipe reduzida no set.
Diferentes cineastas
O projeto experimental tem roteiro do produtor argentino Isaac Huna, que nos anos 1990 idealizou a personagem Xuxinha e foi criador do Festival de Cinema de Jaraguá do Sul. A produção foi comandada por oito diretores e rodada em seis estados brasileiros. Giovanna, por exemplo, faz parte do segmento gravado no Rio de Janeiro, sob a direção de Roby Amaral.
Na trama, a carioca interpreta Selma, uma estudante de medicina ambiciosa que se envolve em um jogo misterioso de um assassino. O projeto, que tem a SLK Comunicação (RJ) entre as produtoras associadas, já ganhou teaser e será lançado no fim deste mês.
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});“Selma foi um presentão! Fui a descobrindo ao longo dos ensaios remotos. Ela é uma menina com emoções digamos assustadoras, uma ‘justiceira’ a partir de motivos um pouco banais, o que me faz ter certeza de que ela é uma psicopata”, define Giovanna.
Um projeto gerou outro
As camadas de Selma foram tão interessantes que despertou o interesse de Fábio Brandão. Ele decidiu pedir a permissão de Isaac e Roby para aproveitar a personagem no spin-off “A Morte Não Te Ama“, que vai contar a vida pregressa dela.
“Eu acho sensacional poder dar vida a uma personagem assim! Sempre tive muita vontade de fazer vilãs, e Selma será uma grande vilã“, diz Giovanna sobre a continuidade do projeto.
Com relação ao futuro, a atriz espera estar cada vez mais mergulhada nas diversas possibilidades que a atuação lhe permite.
“Eu venho do teatro, sou formada pela Cal, e tenho um amor imenso por essa arte artesanal. Mas desde novinha, já nos meus primeiros cursos de interpretação para TV e cinema, fui capturada pelo bichinho do audiovisual e sigo completamente apaixonada, querendo descobrir suas nuances e observando seus mínimos detalhes. Espero daqui a uns anos estar fazendo um pouco de tudo: teatro, cinema, e TV (que ainda não me experimentei, mas tenho muita vontade)”, revela.
Fotos: Divulgação
Envie para
um amigo
Seja um apoiador
Ao se tornar um apoiador, você passa a receber conteúdos exclusivos e participa de sorteios e promoções especiais para apoiadores.