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12 lançamentos de autores convidados para a 21º Festa Literária Internacional de Paraty

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12 lançamentos de autores convidados para a 21º Festa Literária Internacional de Paraty

A Flip 2023 já começou e nem mesmo as altas temperaturas conseguiram afastar os apaixonados por literatura e arte da incrível cidade de Paraty/RJ.

Com a primeira mesa de debate e um show de Adriana Calcanhoto especialmente pensado para esta edição, as honras a autora homenageada da Flip 2023 Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida como Pagú foram feitas.

Então, já podemos focar naquilo que realmente estamos ansiosos para conferir: Quais os livros que os autores convidados para Flip 2023 estão lançando?

Confira nossa seleção com 12 livros lançados pelos convidados da Flip 2023:

Oração Para Desaparecer de Socorro Acioli

O livro Oração Para Desaparecer é o primeiro romance de Socorro Acioli após o sucesso de A cabeça do santo, em Oração para Desaparecer conhecemos a história de uma mulher que, sem lembrança nenhuma de seu passado, precisa reconstruir a vida em um lugar completamente desconhecido, apenas com a língua portuguesa como porto seguro.

Cida, uma mulher sem identidade nem memória, reconstrói aos pouco uma nova vida em um lugar completamente desconhecido.

Jorge encontra nessa misteriosa estrangeira uma paixão inesperada, que recria o que não parece provável. Do outro lado do Atlântico, Joana é o fantasma de um amor há muitos anos perdido por Miguel.

Oração para Desaparecer fala sobre uma das histórias possíveis sobre o amor e seu poder de dissolver as barreiras do inimaginável.

Vamos chamá-la de Maria de Adriana Armony

Na varanda do seu apartamento, uma mulher branca de classe média lê uma matéria sobre uma outra mulher, preta e pobre, vítima de tráfico sexual. Sob o impacto dessa história, passa a imaginá-la, entrelaçando duas narrativas: as suas próprias experiências erótico-amorosas e as noites assustadoras de escravidão sexual dessa personagem que ela chama de Maria e que poderia ser qualquer mulher.

Nesse entrelaçamento em que os homens de uma transitam para a vida da outra, a dicotomia que existe entre as duas personagens ao mesmo tempo se acentua e se dissolve: porque se a sua relação com os homens, em esferas distintas da sociedade, as diferencia profundamente, também as aproxima como mulheres e, mais ainda, aproxima todos aqueles que, independente de classe ou cultura, ainda manifestam machismos muito parecidos, atitudes muito próximas, mudando apenas a maneira de agir e de usar as palavras, para violentar, subjugar ou calar.

O Mapa de Casa por Jorge Augusto

Jorge Augusto se dedica há anos à divulgação de poesia por meio da ótima revista Organismo, editada por ele. Agora o autor nos brinda com outra de suas facetas: a de poeta. Sua obra de estreia é marcada pela elaboração dos sentidos de origem e casa.

O bairro da Liberdade, em Salvador, lugar de memória onde se misturam alegrias e dores, surge em toda sua complexidade e riqueza. O mapa de casa faz parte da nova série de plaquetes do Círculo de poemas. Nela, os escritores são convidados a escolher o mapa de um lugar ― real, inventado, desejado ― e escrever a partir dele.

Os poemas de Augusto conversam tanto com o mapa, via Google Maps, do bairro da Liberdade quanto com desenhos de Jeferson Bispo, amigo e também personagem dos poemas. Mapas e desenhos acompanham a edição.

Formas Feitas no Escuro por Leda Cartum

Seja em cidades vazias, seja nas profundezas do oceano ou à hora crepuscular em um apartamento, a roda narrativa destes minicontos passa da terceira à primeira pessoa enquanto as formas dos enredos se avolumam. Os personagens ― um homem, você e eu ― são sujeitos de outros tempos, desde o passado longínquo ao futuro incerto.

As histórias estão repletas de tentáculos e novelos que se desenrolam ao infinito, tentando capturar a frequência limítrofe entre a realidade e o sonho. Formas feitas no escuro é um livro quase táctil, que desafia o leitor a flutuar, mergulhar ou voar por mitologias e sabedorias ancestrais. Mas também trata do cotidiano presente, do tédio que invade um quarto, do tempo que corre quando procrastinamos uma tarefa simples.

Nele, Leda Cartum propõe uma poética cheia de texturas ― da terra úmida, das cascas de folhas secas, da madeira do chão de taco ―, num trabalho exíguo com imagens que de outro modo não se fixariam, e seriam sombras opacas perdidas no longo caminho da visão à fala, da ideia à escrita.

É impossível descrever os contos sem enumerar as feras, os gatos noturnos, os detalhes, a elasticidade do tempo, a escuridão vibrante da natureza. Isso porque de modo lúdico, Cartum propõe que se preste atenção aos segredos do móvel mais estático no canto de um cômodo qualquer.

Entre a fábula, a crônica e a poesia, Formas feitas no escuro transita entre gêneros e surpreende por sua leveza, clareza e despretensão. Mas, como afirma Angélica Freitas na orelha que assina para o livro, “talvez essa questão do gênero (é poesia? É prosa?) nem nos interesse. Importa aqui o trabalho da imaginação, o trânsito do escuro para o claro, e vice-versa”.

Expedição: Nebulosa por Marília Garcia

por que você não escreve com/ emoção?/ alguém pergunta/ e eu amarro a pergunta/ na ponta desse poema/ deixo tombar até o fundo/ do mar”, escreve Marília Garcia em “Canção da linha”.

Em seu novo livro, a autora do premiado Câmera lenta se concentra na figura mitológica da ninfa Eco para se dedicar à investigação de lugares, lembranças e vínculos que estabelecem entre si uma espécie de cartografia afetiva.

Para Diana Klinger, que assina a orelha do volume, “Eco se torna também um princípio de composição: ecoa a voz da mãe que se foi (…), ecoa as cidades do Rio e de São Paulo, nos mapas sobrepostos dos percursos afetivos traçados por Marília, a história natural e os acontecimentos cotidianos, e também o passado e o presente, nas camadas da memória, formando um palimpsesto espaço-temporal.”

República Surda por Ilya Kaminsky

A fictícia cidade de Vasenka, uma estranha guerra tem início depois que um garoto surdo é assassinado por soldados. O som dos conflitos ― gritos de ordem, tiros, sirenes e bombas ― não chega mais aos ouvidos dos habitantes, que passam a conviver com um silêncio ensurdecedor.

Nesse cenário, regido pelo autoritarismo e pela crueldade, as palavras perdem o sentido, e o silêncio dá espaço a outra forma de comunicação.

Finalista do National Book Award e vencedor do National Jewish Book Award e do Los Angeles Times Book PrizeRepública Surda foi eleito o livro do ano pelo New York Times em 2019 e se tornou um fenômeno editorial.

Misto de ficção, peça teatral e coletânea de poemas, este livro que foge das classificações fáceis tem como pano de fundo um país que, ocupado pelas forças armadas, é obrigado a conviver com os desmandos do poder ao mesmo tempo que vê surgirem novos elos afetivos.

Louças de Família por Eliane Marques

 que resta depois da morte de alguém? E se esse alguém for uma mulher negra?

Forjando-se no terreno avermelhado pelo sangue das vacas, na fronteira entre Brasil e Uruguai, onde num armário de louças se confundem tiranos e subalternizados, negros e brancos, esta história começa com a morte de tia Eluma, empregada doméstica na cidade com nome de Ana.

Quem responde por essa morte? Quem pagará o velório dessa mulher que se cria no batuque e morre na igreja universal do reino de deus? O que a narradora herda da tia e o que abandona?

Tendo a vida (e a morte) de tia Eluma como ponto de partida, a narradora puxa o fio que se estende à sua primeira ancestral conhecida da linha materna, passando por outras parentes suas que, para chegarem até aqui, limparam os pés nas pedras dos arroios lavando a roupa suja dos brancos.

Entre os pontos altos deste Louças de família está a própria linguagem, que amalgama português, espanhol, iorubá e uma dicção literária surpreendente.

Mau Hábito por Alana Portero

Narrado em primeira pessoa, Mau hábito nos apresenta a vida de uma menina que vive em um corpo que está aprendendo a habitar. Acompanhamos a protagonista, desde sua infância em um bairro de trabalhadores devastado pela heroína na Madri dos anos 1980, até sua juventude nas noites clandestinas dos anos 1990. Drogados, divas pop e anjos caídos a acompanham nessa jornada, superando a cada passo a violência que encontram.

Inventora de um universo criativo único, em que convivem teatro, história clássica e ativismo, Alana S. Portero, mulher trans, faz sua estreia na ficção, com este romance deslumbrante que se tornou um fenômeno internacional mesmo antes de sua publicação.

Mau hábito é um romance cru e feroz, mas também poético, em que os extremos se encontram para revelar que o ressentimento e a raiva contra o sistema são importantes para sobreviver em uma sociedade que não aceita quem é diferente. É uma história fronteiriça, identitária e mágica, sobre como nos tornamos quem somos e como uma vida pode ser habitada entre mundos.

A Sereia de Concha Negra por Monique Roffey

Em 1976, na ilha de Concha Negra, David estava pescando quando se deparou com uma criatura inesperada: uma sereia chamada Aycayia. Antes uma bela jovem, ela foi amaldiçoada por esposas ciumentas a viver nessa forma pelo resto de sua vida.

No entanto, após a sereia ser capturada por turistas americanos, David a resgata e a esconde em sua casa, descobrindo que, uma vez fora d’água, Aycayia começa a se transformar de volta em uma mulher.

Agora, David precisa se esforçar para conquistar a confiança de Aycayia enquanto ela reaprende o que é ser humana, se adequando não apenas ao seu novo corpo, mas vivenciando também o desafio de se relacionar com os habitantes da ilha ― uma tarefa difícil após séculos de solidão.

À medida que David e Aycayia se apaixonam, eles enfrentam as alegrias e os perigos da vida na terra. No entanto, uma pergunta ainda persiste: a antiga sereia será capaz de escapar de sua maldição?

A Sereia de Concha Negra é uma aventura mítica que incorpora à trama elementos de fantasia, romance, sociologia e política. Com sua prosa habilidosa e instigante, Monique Roffey nos transporta para o coração da vida na ilha e nos envolve em uma história que nos faz questionar o que é ser humano, um dilema vivenciado pela própria protagonista.

Na trilha do pop: A música do século XX em 7 gêneros por Kelefa Sanneh

Neste livro, o crítico de música da New Yorker, o jornalista Kelefa Sanneh revisita 50 anos de música pop numa viagem por estilos, culturas, sucessos e também pelos fracassos.

Enxergando o pop como um fenômeno que não apenas mobiliza fãs, mas cria comunidades e estilos de vida, Sanneh investiga os 7 gêneros que deram à luz um movimento caótico de influências, pioneirismo e comercialismo.

Um mosaico vibrante dos artistas e estilos que moldaram as últimas décadas da indústria musical no mundo.

As pequenas chances de Natalia Timerman

Enquanto aguarda um voo, Natalia encontra o médico de cuidados paliativos que atendeu seu pai Artur. A conversa desperta nela toda a experiência da perda, ainda próxima e repleta de cicatrizes. E é a memória dos meses e dias finais do pai da narradora que compõe a base deste romance de extraordinária beleza, uma indagação cortante sobre família, lembrança, judaísmo, vida e morte.

Artur era médico, então a notícia de que o câncer havia retornado vem seguida da certeza da finitude ― não há meias-palavras ou possibilidade de esperança. Assim, a morte vira um assunto de família, e acompanhamos não apenas o declínio físico de Artur, mas seus efeitos na vida dos filhos, da esposa e dos netos, narrados com rara delicadeza. Conforme a doença avança, cada momento ganha contornos definitivos: a última viagem, a última gargalhada, a última ida ao teatro.

Se o fim é inevitável, à narradora cabe reconstruir todo esse caminho que, embora dramático, vem carregado de ternura. Em meio à tristeza, a autora traz à luz os pequenos gestos, os acontecimentos insignificantes que, vistos pela lente do tempo, formam um retrato belo e doloroso da relação de uma filha com o pai. Natalia Timerman segue, à sua maneira, a trilha de autores como Karl Ove Knausgård e Annie Ernaux ao criar um poderoso retrato do luto e do amor.

Salvar o fogo de Itamar Vieira Junior

Neste novo romance, Itamar Vieira Junior se reafirma como um dos maiores contadores de histórias da língua portuguesa. Em Salvar o fogo, o autor baiano constrói uma narrativa em que nos tornamos íntimos de seus personagens e nos comovemos com suas trajetórias tão particulares.

O centro da trama é ocupado por Luzia do Paraguaçu, mais uma de suas criações inesquecíveis ― uma mulher que busca na coragem o caminho para ultrapassar as maiores injustiças. Órfão de mãe, Moisés encontra afeto em Luzia, estigmatizada entre a população por seus supostos poderes sobrenaturais.

Para ganhar a vida, ela se torna a lavadeira do mosteiro da região e passa a experimentar uma vida de profundo sentido religioso, o que a faz educar Moisés com extrema rigidez. Épico e lírico, com o poder de emocionar, encantar e indignar o leitor, Salvar o fogo nos mostra que os fantasmas do passado de uma família muitas vezes não se distinguem das sombras do próprio país.

Em seu novo romance, Itamar Vieira Junior mescla a trajetória íntima de seus personagens com traços da vida brasileira. Uma trama permeada de traumas do colonialismo, que permanecem vivos, como uma ferida que se mantém aberta.

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