O diretor, ator e dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa faleceu nesta quinta-feira (6) aos 86 anos, em São Paulo.
Sua morte ocorreu após ser internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, devido a queimaduras em mais de 50% do corpo causadas por um incêndio em seu apartamento.
Zé Celso como era chamado, foi uma figura icônica no teatro brasileiro, sendo reconhecido por suas montagens de criações coletivas e por seu engajamento na defesa da arte e da liberdade de expressão.
Índice
O artista teve um papel fundamental na história do teatro nacional, influenciando gerações com suas montagens de criações coletivas.
O legado de Zé Celso nos palcos
Zé Celso Martinez Corrêa estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP e mesmo não concluindo o curso, foi ali que decidiu integrar o grupo de teatro da faculdade e começar a vida artística e foi quando decidiu criar o Grupo de Teatro Amador Oficina.
No início de sua carreira, Zé Celso montou os primeiros textos autobiográficos, “Vento Forte para Papagaio Subir” (1958) e “A Incubadeira” (1959), sob a direção de Amir Haddad.
Em 1962, o grupo passou por um processo de profissionalização e dedicou-se a montagens realistas, alcançando projeção com a encenação de “Pequenos Burgueses“, do russo Máximo Gorki.
Essa montagem estabeleceu um interessante paralelo entre as perplexidades da Rússia pré-revolucionária e as do Brasil pré-golpe militar, conquistando críticas positivas e sendo considerada uma das mais perfeitas encenações stanislavskianas do teatro brasileiro.
A defesa das artes na ditadura brasileira
Após o golpe militar de 1964, o Grupo de Teatro Amador Oficina ampliou sua pesquisa cênica com uma perspectiva política.
Uma das primeiras respostas à nova situação foi a montagem de “Andorra“, do escritor suíço Max Frisch, em 1964. A encenação foi marcada pela crueza e pela mistura de momentos líricos, servindo como uma metáfora para firmar posição contra a perseguição e a violência do regime autoritário brasileiro.
O Teatro Oficina, sob sua direção, tornou-se oficialmente um símbolo e um espaço de manifestação das artes dramáticas, desafiando a censura e trazendo uma nova abordagem estética para o período.
O legado eterno de Zé Celso
Ao longo das décadas de 2000 e 2010, sob a liderança de Zé Celso, o grupo continuou suas atividades, reinterpretando textos originais e incorporando material autobiográfico dos integrantes e do próprio Oficina.
O legado de Zé Celso Martinez Corrêa no teatro brasileiro é inegável. Sua coragem, ousadia e comprometimento com a arte deixaram marcas profundas na história cultural do país.
Sua busca por liberdade de expressão e sua defesa da democracia inspiraram gerações de artistas e continuarão a ser lembradas por muitos anos.
Com a morte de Zé Celso, o teatro brasileiro perde um de seus maiores ícones, mas sua influência e seu espírito revolucionário permanecerão vivos nas montagens e nas mentes daqueles que foram tocados por sua arte e mensagem.
Foto: Divulgação/Christina Rufatto
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