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TEATRO

Espetáculo “ESTUFA – Um Falso Testemunho”: a artista Lauanda Varone leva o público a conhecer o que passou na casa Dom Inácio de Loyola, dirigida por João de Deus.

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Espetáculo “ESTUFA – Um Falso Testemunho”: a  artista Lauanda Varone leva o público a conhecer o que passou na casa Dom Inácio de Loyola, dirigida por João de Deus.

Nesta produção, Lauanda Varone expõe com bravura a dura realidade de seu tempo na Casa Dom Inácio de Loyola, onde testemunhou em primeira mão os maus-tratos a mulheres. Por meio de seu testemunho, a peça lança luz sobre a questão generalizada da desigualdade de gênero e as formas pelas quais as mulheres são muitas vezes silenciadas e marginalizadas.

Com a direção de Erica Montanheiro e escrito por Angela Ribeiro, a peça é uma poderosa declaração sobre como as mulheres podem sobreviver apesar da contínua opressão de seus corpos em uma sociedade patriarcal, o espetáculo estreia no dia 8 de março, na Oswald de Andrade, com apresentações de terça a sexta, às 20h, e aos sábados, às 15h e às 18h.

Lauanda Varone compartilha sua experiência de ser uma das mais de 300 mulheres que sofreram abusos nas mãos do médium João de Deus na peça “Estufa – Um Falso Testemunho”. 

A atriz conheceu o abusador aos 13 anos, quando iniciou um tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola após a cura de seu primo de um câncer terminal e se mudou para Abadiânia para ficar perto do médium.

João Teixeira de Farias, foi um médium de renome internacional, foi venerado durante décadas por seus trabalhos de cura espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, no município de Abadiânia, interior de Goiás.

No entanto, em 2018, foi revelado que ele vinha usando sua influência para coagir mulheres a atos sexuais sob o disfarce de trabalho espiritual, depois que algumas das centenas de vítimas fez uma denúncia pública na TV.

Apesar de denúncias anteriores de outras mulheres, o médium havia usado seu prestígio para silenciá-las, e a Justiça alegou não ter provas para condená-lo, tratando os depoimentos das vítimas como falsas acusações – daí a inspiração para o nome da peça.

Desde então, centenas de mulheres encontraram forças para expor suas tragédias pessoais e denunciar os abusos cometidos pelo médium.

“Este projeto surge como uma forma de sair de um enterro. Desde 2018 que me deparo quase diariamente com notícias, livros e documentários que me obrigam a enfrentar um assunto que tenho tentado evitar desde sempre. aguentar mais. Tive que enfrentar de frente e dar voz a quem viveu os abusos cometidos por João de Deus por 16 anos”, explica Lauanda.

A atriz conheceu o abusador aos 13 anos, quando iniciou um tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola após a cura de seu primo de um câncer terminal e se mudou para Abadiânia para ficar perto do médium.

Ela passou por esse suposto tratamento até os 28 anos, quando descobriu que centenas de outras mulheres haviam sofrido a mesma violência. Como não havia muitas crianças na casa, ela logo foi notada por João de Deus.

“Desde o primeiro ‘tratamento’, ele soube que ela era parente de alguém próximo e conhecido de todos. A médium, ciente da ausência de uma figura paterna em minha vida, fez questão de me apresentar como sua ‘filha’, deixando claro o grau de proximidade que tínhamos e seu interesse paterno por mim. No entanto, interesse paterno neste caso não tem o sentido comumente atribuído à expressão, tendo em vista que ele abusou sexualmente da filha mais velha durante a maior parte de sua vida”, a atriz revela.

O roteiro da peça foi escrito por Angela Ribeiro, com base nos relatos de Lauanda Varone e em colaboração com Ana Elisa Mattos e Erica Montanheiro. Na trama, uma mulher conversa com o público em sua estufa e, ao falar sobre suas plantas, revela segredos que guardou por muito tempo.

“Trabalhamos praticamente o ano passado inteiro para desenvolver esse roteiro. E demoramos muito para escrevê-lo justamente porque surgiu de uma experiência muito pessoal. A importância de trazer isso para o palco é realmente ressignificar e reescrever essa experiência, pensar em formas de sobrevivência – quase uma espécie de reparação.”

O texto mistura experiências da vida real com ficção para refletir sobre o silenciamento das vítimas de abuso e a cumplicidade da sociedade, que muitas vezes leva as mulheres a não denunciar seus agressores.

“Não queremos reafirmar a vitimização e o sofrimento, mas sim discutir como podemos virar o jogo quando nossos corpos são violentados há tanto tempo. As mulheres não podem usar roupas curtas sem medo de serem estupradas, mesmo dentro de hospitais, e mesmo após a morte, seus corpos ainda são maltratados. Então, queremos discutir como lidar com tudo isso gritando e exigindo mudanças, mas também lutando para se manter vivo”, comenta a diretora Erica Montanheiro.

Para discutir todas essas questões, o espetáculo conta com um elenco predominantemente feminino, com assistência de direção de Ana Elisa Mattos, direção de arte de Joyce Roma e direção audiovisual.

Sinopse

Uma mulher recebe o público em sua estufa para uma experiência única. Ao explicar as complexidades das plantas, ela também revela segredos pessoais de sua vida. Esta performance cativante é uma criação de Lauanda Varone, inspirada em suas experiências da vida real na Casa Dom Inácio de Loyola, sob a orientação do renomado médium João de Deus.

Por meio dessa experiência imersiva, os visitantes não apenas aprenderão sobre o fascinante mundo das plantas, mas também terão uma visão da experiência humana. As anedotas pessoais de Varone adicionam uma camada de profundidade e emoção à performance, tornando-a uma experiência verdadeiramente inesquecível.

Junte-se a nós para uma noite de descoberta e esclarecimento enquanto exploramos as maravilhas da natureza e as complexidades do espírito humano.

Com sua mensagem poderosa e elenco e equipe talentosos, ESTUFA – Um Falso Testemunho promete ser uma produção imperdível para qualquer pessoa interessada em justiça social e na luta pela igualdade de gênero. Não perca a chance de testemunhar esta importante obra de arte e participar da conversa sobre como podemos criar uma sociedade mais justa e equitativa para todos.

SERVIÇO

Falso Testemunho
Temporada: de 8 de março a 01 de abril, de terça a sexta, às 20h, e aos
sábados, às 15h e às 18h
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro
Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada sessão
Classificação: 16 anos
Duração: 60 minutos
Capacidade: 30 lugares
Acessibilidade: Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade
reduzida*

Fotos: Priscila Prade

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