MÚSICA

Gilberto Gil se despede do Rio de Janeiro em show marcado por encontros e lembranças

Realizada neste domingo (26) na Farmasi Arena, apresentação final na cidade contou com convidados como Os Paralamas do Sucesso e Jorge Ben Jor

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Gilberto Gil se despede do Rio de Janeiro em show marcado por encontros e lembranças
Crédito: Tadeu Goulart

A apresentação de despedida no Rio de Janeiro da turnê “Tempo Rei“, considerada a última grande turnê de Gilberto Gil, aconteceu na Farmasi Arena, na Barra Olímpica, neste domingo (26), reunindo no palco figuras incríveis da música nacional e muitas histórias de vida contadas pela atração principal junto com seus convidados.

Apesar do atraso para o show começar, os fãs aguardaram pacientemente, até porque os espaços da arena demoraram a ser totalmente preenchidos.

A partir do momento em que Gil pisou no palco, a noite se transformou em um marcante espetáculo recheado de momentos inesquecíveis embalados por músicas que certamente faziam parte da memória afetiva dos fãs.

Na performance de produção impecável, com direito a projeções visuais e um vórtex de LED posicionado sobre a cabeça do artista de 83 anos, Gil foi auxiliado por uma banda literalmente familiar, incluindo seus filhos, netos e até uma de suas noras.

O repertório revisitou as mais de seis décadas de carreira de Gil com clássicos como “Aquele Abraço”, “Andar com Fé”, “Tempo Rei”, que deu nome à aclamada excursão, e “Cálice”, em uma interpretação super emocionante precedida por um vídeo no telão com o depoimento de Chico Buarque, coautor da canção de Gil que fala sobre o cruel período da ditadura que provocou o exílio de ambos.

Despedida de Gilberto Gil com a turnê “Tempo Rei” no Rio de Janeiro

Com uma direção artística sofisticada e músicos de apoio que completavam a banda com sons de percussão, cordas, sopros e até instrumentos de orquestra, o veterano cantor e compositor interpolava canções com comentários ao público sobre sua carreira, a arte, o tempo, a tropicalidade e a rotina compartilhada com amigos conquistados através da música popular brasileira tanto nos palcos como fora deles.

Além disso, Gil revelou que chegou a cogitar não se apresentar naquela noite, por conta do resfriado que afetou sua voz, ainda ressoante para qualquer um que ali esteve presente.

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Como resposta à sugestão desagradável, milhares de vozes disseram não em uníssono, fazendo a negativa ecoar por toda a acústica do local. Em outro momento, ao receber os convidados, Gil comemorou:

“É uma alegria enorme dividir esse palco com amigos, parceiros, neta e esta cidade maravilhosa que me abraça.”

Por falar nas participações especiais, os Paralamas do Sucesso foram a primeira aparição surpresa da data. Eles subiram para cantar “A Novidade”, parceria entre Gilberto Gil e o vocalista Herbert Vianna, que estava acompanhado pelo baterista João Barone e o baixista Bi Ribeiro. Enquanto trocava palavras carinhosas com o trio, Gil relembrou o processo de composição da música, quando pediu a Herbert que escrevesse algo para ele:

“Essa canção brotou em uma conversa de madrugada…”

Depois, subiu ao palco Flor Gil, neta do cantor que já havia aparecido em outras apresentações de Gil, mas que ainda não havia desfrutado de um momento tão relevante ao lado de seu avô no palco. Visualmente emocionada, a menina nascida nos Estados Unidos, como Gil lembrou a seus fãs, cantou a música “Estrela”, do álbum Quanta (1997), enquanto o baiano dedilhava seu violão. Ao fim da execução, Gil se derreteu:

“Minha menina, teu canto me emociona.”

Antes do encerramento, veio a terceira e impactante participação: Jorge Ben Jor. Os dois surpreenderam a plateia que teve o privilégio de testemunhar duas lendas vivas da nossa música cantarem juntos ao vivo pela primeira vez em décadas. Para começar, Gil e Jorge fizeram um dueto em “Filhos de Gandhi” e, na sequência, cantaram “Emoriô”, terminando o encontro com “Rei do Maracatu”, canção composta por Gil e Ben Jor no final dos anos 1960. Após quase três horas de apresentação, o astro da vez se despediu do público carioca com “Toda Menina Baiana” e agradeceu:

“Obrigado, Rio de Janeiro, obrigado a todos que caminharam comigo nesta jornada. A música é feita de tempo e de amor.”

No palco, Gilberto Gil mostrou um vigor e disposição de quem sabe que está fechando um ciclo, além de um enorme respeito ao público, dando o máximo de si mesmo lidando com um resfriado que afetou sua performance. Sorte a nossa!

Confira fotos do show de Gilberto Gil no Rio de Janeiro

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