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Entrevista: Saulo Vasconcelos

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Entrevista: Saulo Vasconcelos

Em entrevista exclusiva o ator Saulo Vasconcelos conta sua trajetória nos palcos do Brasil e do mundo. 

Ele é simplesmente um gigante dos palcos, dono de uma das vozes mais marcantes do cenário musical e um talento incontestável. Saulo Vasconcelos, lança hoje (16) na Livraria Cultura seu primeiro livro intitulado “Por trás das máscaras”. Uma autobiografia onde o próprio artista revela detalhes da sua carreira nacional e internacional no mundo dos musicais.  

CSP: Dos diversos musicais que você participou, acredito que todos tenham te marcado de alguma forma. Tem algum momento na sua carreira que você acredita que foi o mais marcante?

SV: Com certeza “O Fantasma da Ópera” no México, porque foi meu primeiro musical, meu primeiro espetáculo, e já foi uma baita pressão psicológica, porque eu sai do Brasil para ir morar em outro país, onde eu não tinha amigos, não tinha família, tinha apenas 25 anos e tomei umas bordoadas da vida incríveis, mas foi muito, muito bom para que eu pudesse crescer e estar preparado para um meio que geralmente é muito intenso e exige muito de você;

E diria também que, passado aquele momento tenso da minha vida, em 1999, um outro que marcou bastante foi a minha estreia no Brasil, em “Les Misérables“, pois eu queria muito estar trabalhando no meu país, mostrar para o meu povo, meus conterrâneos, o que eu sabia fazer de melhor, guardo com muito carinho no coração também essa recordação.

CSP: Qual musical/personagem você gostaria de interpretar e ainda não surgiu a oportunidade?

SV: Definitivamente é Sweeney Todd, do musical de mesmo nome. É uma história de ‘humor negro’, uma tragicomédia de um cara que faz amizade com uma mulher e juntos eles matam pessoas e pegam a carne dessas pessoas e transformam tudo em torta de carne humana.  

CSP: Qual a maior dificuldade de interpretar personagens tão marcantes como: Fera, O Fantasma, Javert e tantos outros?

SV: A grande dificuldade de interpretar esses personagens é realmente a disciplina, o Fantasma e a Fera, especificamente, são dois personagens que precisam de uma hora e meia de maquiagem, com uma rotina de ficar sentado, quietinho, se preparando sete vezes por semana, sem se mexer muito ou fazer barulho.

CSP: Dentre os personagens existe algum que você toparia fazer uma temporada longa?

SV: Pensando em um personagem novo toparia fazer uma temporada de um ou dois anos de Sweeney Todd,uma história muito incrível, um espetáculo muito gostoso de fazer, apesar de ser trágico, cômico e intenso ao mesmo tempo.

CSP:Qual o musical que você gostaria que viesse para o Brasil?

SV: Apesar de não ter muito a ver com a realidade brasileira, de falar de coisas muito especificas norte-americanas, eu estou muito viciado em Hamilton, por causa de muitos alunos jovens, que fazem aulas de canto e teatro musical comigo, e que são fãs desses espetáculo – acabei me tornando um também.  

CSP: No seu livro, qual a inspiração maior? De onde veio a ideia?

SV: A inspiração maior foi realmente ter vivido coisas muito bonitas e intensas. A parte mais legal do livro acho que são as amizades, histórias pessoais e as coisas que eu vivi fora dos palcos, que acho que são o mais importante pra mim, foram realmente histórias muito transformadoras e que me tornaram definitivamente uma pessoa melhor, mais grata ao mundo, por ter vivido tudo que vivi ao longo desses 20 anos de carreira.

Já a ideia surgiu porque andei fazendo algumas aplicações para adquirir um visto permanente para o Canadá, porque eu tive uma oportunidade de trabalho lá, e nesse processo eu acabei desenvolvendo uma biografia gigantesca sobre quem eu era, da minha relevância dentro da área que eu escolhi para trabalhar, e aí conforme eu fui escrevendo em inglês e revendo todas aquelas histórias me deu uma vontade gigante de escrever eu mesmo um livro.

Então no início deste ano eu iniciei uma pesquisa sobre como proceder, entrei em contato com a  Mayara, diretora da editora da Chiado Books, e ela viabilizou todo o processo.

CSP: Um ator que você acha que se encaixaria no perfil pra interpretar você em musical que conta a sua história?

SV: Daniel Boaventura (risos). Com certeza. Eu sou fã desse cara! As pessoas inclusive confundem muito nós dois nas saídas dos teatros… Mas ele já teria que ser eu hoje, porque se fosse alguém mais jovem eu teria que pesquisar.

CSP: Qual a sensação de olha para esses 20 anos de carreira e ver tantos feitos e tantas conquistas?

Olhar para esses 20 anos e ver tantos feitos e tantas conquistas, sem demagogia, é realmente uma sensação de honra, gratidão e privilégio. Eu lembro que minha mãe falava que se eu fizesse uma faculdade ou fizesse parte de tantos porcentos da população brasileira que infelizmente tem condição de frequentar uma faculdade e se formar, eu penso na porcentagem de atores e colegas de teatro, todos os tipos de ator, musical e convencional, que não tem chances parecidas como as que eu tive, não tem se quer a chance de tornar parte de um elenco de um grande musical ou de uma peça de grande relevância, então me sinto privilegiado.

CSP: Qual foi o maior desafio em escrever contar um pouco da sua história e trajetória artística no livro?

SV: O maior desafio de escrever o livro foi organizar as ideias, porque eu sou muito desorganizado, vinha um turbilhão de coisas na minha cabeça e eu lembrava da história e imediatamente gravava um áudio, através de vários áudios longos fui montando tudo. E aí reescutar tudo, organizar e colocar no papel foi a parte mais complicada para mim.

CSP: Seu plano para o futuro agora? Escrever um musical?

SV: Escrever não, mas penso em começar a produzir, enveredar a carreira para produção e direção, mesmo porque, como ator me considero consolidado, não no sentido de não ter mais nada para aprender, porque o aprendizado não acaba nunca, mas no sentido de que já fiz as coisas mais incríveis que eu podia ter feito, de me sentir muito realizado como ator dentro do teatro.

Gostaria de me aventurar nessas novas áreas porque o Brasil precisa de bons produtores e bons diretores, é mais raro encontrar esses tipos de profissionais do que bons atores, até porque o próprio ator é motivado pelo ego, de chegar um dia lá, e o diretor e o produtor não, são eles que fazem tudo que você vê num palco e quase nunca levam os méritos.

Pretendo também desbravar outros países novamente, eu tive uma carreira internacional breve nos anos 1999, 2000 e 2001, com ‘O Fantasma da Ópera’, e depois em 2004, com ‘Les Misérables’, ambos no México, viajei por outros países onde me apresentei, então gostaria de ter mais experiências internacionais e investir nisso futuramente.

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