“Wicked: Parte 2” eleva a potência da adaptação do musical para o cinema

Baseada na peça de teatro da Broadway de mesmo nome, Wicked: Parte 2, sequência do filme de 2024 que iniciou a adaptação para o cinema do famoso prelúdio, estreou no Brasil nesta quinta-feira (20) com a missão de continuar a trajetória de sucesso de seu antecessor, indicado em dez categorias do Oscar deste ano.

O novo longa expande o universo de O Mágico de Oz a partir do ponto em que a primeira parte encerra sua narrativa e, assim como no filme anterior, o centro da história reside na complexa relação entre Elphaba (a Bruxa Má do Oeste), personagem de Cynthia Erivo, e Glinda (Bruxa Boa do Norte), papel de Ariana Grande.

Entretanto, Wicked: Parte 2 não apenas adapta o material original conhecido dos palcos de teatro como também o amplia, trazendo novos elementos e resgatando partes do livro de Gregory Maguire publicado em 1900 para adequá-los à linguagem cinematográfica.

Na peça de teatro, a trama é contada em dois atos, sendo o segundo significativamente mais sombrio. Por isso, o longa atual corresponde em grande parte a atmosfera soturna, mostrando na tela a deterioração política de Oz e a ascensão autoritária do Mágico, vivido por Jeff Goldblum.

No cinema, é preciso dizer, o storytelling tende a apresentar essas questões com maior literalidade, mostrando a opressão sofrida pelas criaturas falantes e o medo da população de Oz diante da “maldade” de Elphaba, vilanizada pela Madame Morrible, encarnada por Michelle Yeoh.

Tal abordagem torna Wicked: Parte 2 bastante particular e potencializa o clima de épico de fantasia com constantes reviravoltas e desenvolvimentos que dominam por completo o espectador.

O musical, inclusive, possui canções encantadoras, como “No Good Deed”, “Wonderful” e o dueto final “For Good”, que, sem dúvidas, vai deixar os fãs chorosos. É bom, de antemão, se preparar para as lágrimas.

Estremecidas pelo fato de amar o mesmo homem, o charmoso e sedutor Fiyero, personagem de Jonathan Bailey, Elphaba e Glinda se veem em lados opostos de um conflito pessoal, ainda mais depois que Madame Morrible usa Nessa (Marissa Bode), irmã de Elphaba, para que ela abandone seu exílio e retorne a Oz.

Dorothy e seus companheiros aparecem em Wicked: Parte 2

A protagonista, que se compromete a desmascarar o Mágico, cujo carisma ganha parcialmente o público, disfarçando sua perversidade no controle da população de Oz, passa a ser caçada por Dorothy em sua viagem pela estrada de tijolos amarelos acompanhada pelo Homem de Lata, Espantalho e Leão Covarde, além de seu cachorro, Totó.

Aliás, os personagens clássicos que apareceram primeiro no universo de Oz, mas que são posteriores à história de Wicked, tem suas representações apenas através de sombras, partes do corpo e cortes rápidos, principalmente Dorothy.

Em entrevista, o diretor Jon M. Chu contou que a ideia por trás da decisão de não revelar o rosto de Dorothy tem a ver com sua missão de deixar o foco 100% na trajetória de Elphaba que é contada na telona.

Com grande força emocional e carregado de despedida, Wicked: Parte 2 funciona como uma continuação fiel ao espírito do musical, mas incorpora novas camadas que devem arrebatar o público.

Em meio à performances magistrais, o filme aposta todas as suas fichas nas tensões entre Elphaba e Glinda, resultando em uma experiência fascinante sobre amizade, justiça, memória e pertencimento.

Confira o trailer de Wicked – Parte 2 :

Gabriel von Borell