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Se 2024 pudesse ser traduzido em imagens, sons e emoções, essas narrativas seriam a representação perfeita. Foi um ano em que o cinema explorou os limites da imaginação, do drama humano e das paisagens culturais, oferecendo histórias que provocaram reflexões profundas, risos inesperados e lágrimas catárticas.
Nesta seleção especial, destacamos os 10 filmes que marcaram 2024, com direções ousadas, roteiros impactantes e performances que já entram para a história. De produções brasileiras como Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, a obras aclamadas como Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, essa lista celebra o cinema como arte, entretenimento e uma janela para novas perspectivas.
Vamos juntos revisitar tramas emocionantes, universos intrigantes e personagens inesquecíveis. Alguns desses filmes ainda estão em cartaz, enquanto outros já podem ser apreciados no conforto de casa, através das principais plataformas de streaming. O que todos têm em comum? O poder de transformar 2024 em um ano inesquecível para o cinema.
Ainda estou aqui
Direção de Walter Salles – Em cartaz nos cinemas
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Delicado trabalho de Salles, que não mostra cenas violentas na história da família cujo pai é preso, torturado e morto pelo regime militar brasileiro, nos anos 1960. O cineasta aposta na figura da mãe, obrigada a assumir o controle da família com o desaparecimento do pai. Com isso, consegue uma delicada atuação de Fernanda Torres, além de arrasadores 10 minutos de Fernanda Montenegro que, sem dizer uma palavra, transmite pelo olhar a dor da perda.
Malu
Direção de Pedro Freire – Em cartaz nos cinemas
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Um filme cuja força está na interpretação de três atrizes: Carol Duarte, Juliana Carneiro da Cunha e, principalmente, Yara de Novaes. Trata-se de um momento na vida da mãe do diretor, a atriz Malu Rocha, quando é obrigada a morar com a mãe na Baixada Fluminense depois de não ter se tornado uma estrela do teatro político. Ela ainda mantém uma relação amorosa e raivosa com a filha. A frustração ganha contornos comoventes na atuação das atrizes, tornando o filme um dos melhores do ano.
O dia que te conheci
Direção de André Novais Oliveira – Disponível no Globoplay
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O grande mérito do filme é o de não ter nenhuma novidade. Nada além do banal marca a história de Zeca, bibliotecário que perde o ônibus para o trabalho, enfrenta um trânsito pesado e que sofre com a demora da chegada de um pastel. Mas é justamente essa simplicidade, marcada pela contemplação, que encanta no filme de André Oliveira: de onde nada se espera surge a novidade capaz de mudar uma vida.
O quarto ao lado
Direção Pedro Almodóvar – Em cartaz nos cinemas
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Uma ex-repórter de guerra (Tilda Swinton) recebe o diagnóstico da câncer terminal e pede a uma amiga (Julianne Moore) que a acompanhe em seus últimos dias de vida em uma isolada casa em meio a natureza. Almodóvar troca as habituais histórias excêntricas pela delicadeza e a introspecção, garantindo um resultado altamente positivo. Destaque para a atuação da sempre enigmática Tilda Swinton.
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A Substância
Direção de Coralie Fargeat – Em cartaz nos cinemas e disponível na Mubi
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O filme foi acusado de exagerado e é justamente essa sua principal qualidade. Sem se autocensurar, a cineasta Fargeat traz referências de Brian DePalma, Alfred Hitchcock e David Lynch para criticar de forma totalmente despudorada a valorização excessiva da beleza da mulher, incentivada principalmente pelo machismo predatório. O resultado é um visual que incomoda e, por isso mesmo, é belo.
Coringa: Delírio a dois
Direção de Todd Phillips – Disponível no Max
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Depois do retumbante sucesso de crítica e público do primeiro filme, Todd Phillips foi mais ousado na continuação, optando por um caminho totalmente contrário à expectativa geral. Resultado: fracasso de crítica e público. O cineasta não teve receio de desmistificar o personagem Coringa que, de mito no primeiro filme, termina repudiado e assassinado nessa continuação, justamente por se recusar a alimentar tal fama. De quebra, Phillips incomodou muita gente ao acrescentar músicas cantadas pelos personagens. Mais do que nunca as canções cumpriram à risca a missão de contar a história.
Anatomia de uma queda
Direção de Justine Triet – Disponível no Prime Video
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Longa enigmático, cuja conclusão aberta obriga o espectador a pensar e a especular. Isso graças a um roteiro primoroso sobre o possível assassinato de um músico pela mulher escritora, no momento em que o casamento está falido. No meio disso, o filho se torna peça fundamental para a possível solução do crime. Interpretações brilhantes em cenas fortes que deixam o espectador pensativo durante vários dias.
Zona de interesse
Direção de Jonathan Glazer – Disponível no Prime Video
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O espectador passa por um grande incômodo ao acompanhar a rotina da família de Rudolf Höss, comandante do campo de concentração de Auschwitz e cuja casa é vizinha desse local de extermínio humano. Nenhuma cena de tortura ou morte é visualmente apresentada, situação detectável pelo som de sirenes, latidos de cães, gritos desesperados. E pela chaminé cuja fumaça confirma que muitos presos foram mortos. Mesmo assim, a família vive sua rotina, totalmente alheia à terrível tragédia. Um estudo perfeito sobre a desumanização provocada pela indiferença.
Dias perfeitos
Direção de Wim Wenders – Disponível no Mubi e Prime Video
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A rotina de um zelador de banheiros públicos em Tóquio é monótona à primeira vista, mas Wenders é um cineasta que descobre verdadeiros tesouros em pequenos detalhes. Graças à precisa atuação de Reina Ueda no papel do zelador que, nas horas vagas, desenvolve uma paixão por paixão por música, literatura e fotografia, o diretor alemão consegue cativar a atenção do espectador, interessado nas raras e pequenas revoluções que marcam sua vida, especialmente quando ele reencontra a vida.
Golpe de sorte em Paris
Direção de Woody Allen – Disponível no Prime Video e Apple TV+
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Em seu provável último filme, Allen promove uma reflexão sobre o amor e sua relação com o crime ao contar a história de Fanny e Jean, casal aparentemente perfeito, mas que é violentamente desfeito graças ao ciúme dele. Diálogos inteligentes, marcados pelo tradicional humor do cineasta, tornam o filme cada vez mais atraente, até sua conclusão surpreendente.
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